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segunda-feira, 25 de julho de 2011
Escrever
Olho a caneta
A deslizar
Como se a mão
Minha não fosse
e ela obedecesse
à ordem de outro ser
Teria vida própria
A minha caneta?
Ou a minha mão
Tem querer?
Não consigo fazer
com que pare
Ela escreve
Traça
Desenha
As letras no papel
Será que minha
mão
tem ideias próprias
desobedientes?
Revoltosas
Deram-se independência
do cérebro?
Proclamaram-se
senhoras de si?
Alforriaram-se?
A caneta desliza
Desenha e traça
Dá ordens, organiza
E eu, nem pisco
Obedeço
Traço, cansaço
Nos dedos
desacostumados
a desenhar alfabetos
a engatar letras
formando frases
à mão.
Saberei lê-las depois?
Nessas garatujas de médicos?
Saberei interpretar o que
eu mesma escrevi?
Ou foram elas? As mãos?
Ou a caneta
Que ganharam vida própria
independentes
pequenos cérebros
nas pontas
de cada dedo
da mão direita?
A caneta pára
como a pensar
no que fará a seguir
No que escreverá
em sua letra torta
em sua rebeldia
cheia de si
Sente o gosto
da liberdade
de não ter que obedecer
a ninguém
Palavras suas
das mãos e da caneta
tradutoras, intérpretes, diretoras e autoras
Maestrinas
de sua própria criação
Eu
Sou apenas
Seu instrumento.
*Aos grandes e aos pequenos escritores do mundo!
Foto de Thomas Fraser
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