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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Madre Teresa, a Dor do Mundo e o Amor

Já há algum tempo tenho vontade de escrever sobre Madre Teresa de Calcutá, nascida na Macedônia, país dos Balcãs, em 26 de agosto de 1910, com o nome de Ganxhe Bojaxhiu.
Madre Teresa foi uma pessoa iluminada, dedicada ao próximo, grandiosa em sua figura frágil, principalmente porque passou a vida toda atormentada pelas dúvidas sobre a existência de deus.
Ela nasceu com o dom da dádiva, com o olhar voltado para os desvalidos, para os mais miseráveis dos miseráveis, para aqueles em que ninguém tocava: leprosos, aidéticos, mendigos, cobertos de feridas purulentas, corpos esquálidos exalando terríveis odores, enfim, para os "intocáveis", pois sabia que ninguém olharia por eles. Viveu, durante muitos anos em Calcutá, em meio à imundície das ruas, cheias de crianças nuas brincando na própria urina, doentes e subnutridos, animais, esgoto à céu aberto.
Ela escreveu inúmeras cartas falando de suas dúvidas, da ausência de fé em deus, sem entender porque havia tanta dor no mundo. Sofreu tanto com suas dúvidas, que ela chamava de "escuridão", que foi ficando corcunda, como se o peso do mundo inteiro, as dores de toda a humanidade, o intenso e atroz sofrimento do qual era testemunha, fossem carregados por ela, em suas costas franzinas.

O padre Brian Kolodiejchuk lançou um livro com suas cartas: Madre Teresa: Venha, Seja Minha Luz.
Na minha opinião, a igreja católica usou a madre em benefício próprio. Até o Papa João Paulo II usou sua imagem como propaganda para a igreja, devido ao grande prestígio que possuía, em todas as esferas e em todas as religiões, ainda mais, após ter ganho o Nobel da Paz, em 1979.
Acho até uma ofensa à sua memória, que uma pessoa que passou a vida em luta interior, em tristeza confessa por seus dilemas espirituais, seja santificada, como deseja a igreja. Viveu atormentada, em solidão e tortura, segundo suas próprias palavras. Durante 66 anos escreveu cartas, pensamentos e questionamentos internos, que foram transformados em livro.
Há umas semanas atrás, vi um documentário sobre ela. Ela abraçava leprosos, os beijava, cuidava das feridas dos doentes. Montou vários hospitais pelo mundo afora, reuniu equipes de médicos e enfermeiros prontos a cuidar e a acarinhar essas criaturas, as mais miseráveis entre os miseráveis que eu já vi. Gente sem nariz, sem boca, chagas humanas. Imagens tão horrendas que eu nem conseguia olhar.
Foi ficando a cada dia mais encurvada, mais cheia de dúvidas, menos crente e mais caridosa. Todos queriam posar ao seu lado. Qualquer pedido seu era atendido.
Sua fé era no amor, na solidariedade, na ajuda humanitária. A religião, embora poucos saibam disso, não era o que a impelia e sim, o amor ao seu semelhante.
Mas, seu íntimo, era torturado, pois não compreendia que deus era esse que maltratava tanto aos seus filhos. Orava, pedia, mas só via a escuridão.
Vejam algumas frases dela:


"Onde está minha fé, aqui no mais profundo não há nada, Meus Deus, que dolorosa é esta pena desconhecida. Não tenho fé".

"Se há um Deus, perdoa-me, por favor. Quando tento elevar minhas preces ao Céu, há um vazio tão condenador...".

"Peço, me agarro, quero, e não há Ninguém para contestar - Ninguém a quem me apegar, não, Ninguém. Sozinha"

"Se um dia eu for Santa, serei com certeza a santa da escuridão'. Estarei continuamente ausente do Paraíso"


Poucos sabem sobre esse outro lado dessa mulher única, e essa seja, talvez, a sua verdadeira face.
Depois de saber disso tudo, cresceu ainda mais a minha admiração por essa criatura iluminada, não pela religiosidade, mas pelo Amor.
Esse sim, deveria mover o mundo.





sábado, 24 de abril de 2010

A Beleza De Uma Oração






"São Jorge

Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo."

Quem crê, quem é devoto de São Jorge, e são muitos Brasil a fora...com certeza devem se sentir protegidos com a força dessa oração.
Se todo o mal que quisesse nos alcançar pudesse ter a espada de um guerreiro a lhe atacar, se tudo o que nos machuca, nos atinge ou nos aflige tivesse que enfrentar tal poder divino, nada nos alcançaria...
Quisera eu ter essa força a meu lado, um cavaleiro, guerreiro de armadura e espada a me proteger das armadilhas do destino...
Santo, orixá, guerreiro, defensor....milhares o seguem e crêem em seu poder...
Quem sou eu para ir contra a fé de um povo em um santo que sintetiza todas as religiões, culturas  e fés? Quem sou eu para dizer algo contra essa força que sentem emanar de um santo de armadura, escudo, espada e lança?
Diante da beleza e da força dessa oração, só me resta saudar:
SALVE JORGE! 

quarta-feira, 31 de março de 2010

Reflexões de Páscoa...



Aproveito essa Semana Santa e a proximidade da Páscoa, comemorada por milhões de pessoas no Brasil e no mundo, para refletir sobre um assunto que Arnaldo Jabor, escritor e cinesta brilhante, levantou em sua última crônica no jornal O Globo de ontem...

O mal tem entrado em nossas vidas diariamente, e temos permitido isso...
Nada mais nos assusta ou nos choca...vemos notícias sobre crianças trucidadas, assassinatos, escândalos, deboches...e, como diz muito bem o Jabor: "dentro de pouco tempo teremos uma pele de rinoceronte em nossa alma, com o coração mais duro, ficaremos cínicos, mais passivos diante da crueldade. Há uma indução surda à insensibilidade..."
Refleti sobre isso e resovi escrever hoje sobre o bombardeio de notícias ruins, crueldades, catástrofes, falta de ética, de escrúpulos a que temos nos submetido ultimamente...
Já não nos indignamos com nada...Nada mais nos tira do sério...
Há quem defenda a Igreja Católica, mesmo diante das barbaridades que estão vindo à tona, da pedofilia infame, que tal qual a ponta de um iceberg, só estamos vendo uma pequena parte...o resto da imundície, deve estar submersa...A Igreja é uma instituição à beira da falência, e não é preciso ser muito estudioso ou historiador para saber quantas atrocidades foram cometidas em nome de deus, quantos escândalos, quantos crimes... desde a inquisição até a proteção ao nazismo, passando pelo Banco do Vaticano envolvido em escândalos berluschonianos...
E não me venham dizer que a Igreja é feita de homens e que homens são falhos...sim, são e por isso mesmo, quem opta pelo celibato ou por suas regras há que ser melhor que os outros homens, ter mais caráter e compaixão que todos os demais. Por isso abriram mão do conforto, dos bens terrenos, do sexo...ou será que essas regras algum dia foram respeitadas?
Claro que há alguns, como a freira Dorothy Stang que são exemplos de doação, amor ao próximo e compaixão...Há sim os que respeitam as regras da Igreja, mesmo sabendo que são ultrapassadas e sem fundamento...mas optaram por seguí-las...E não falo só da Igreja Católica, mas das Evangélicas e de todas as que roubam seus fiéis pobres, usurpando e tripudiando sobre sua ignorância e ingenuidade...Há excessões? Claro que há, mas hoje quero falar do lado podre, das usam o demo como desculpa para suas canalhices e depravações...
O mesmo digo de certos partidos políticos aqui de nosso país, que sempre bateram no peito se dizendo melhores, mais honestos e dignos que todos os outros e que agora, vemos chafurdando no próprio esterco, como numa visão do Inferno de Dante...Os que se diziam " os puros, os retos" são os mais abjetos, os que tem menos escrúpulos...
Eu respeito a fé. Respeito quem crê em Jesus, Alá, Buda...Mas essa fé cega, fanática, que não vê um palmo adiante do nariz e coloca panos quentes em tudo o que as instituições religiosas fazem, dando desculpas ridículas, como as que o Papa tem dado...por favor, chega a ser risível se não fosse trágico. Eu respeito a fé, a fé pura, a que não só prega, mas a que principalmente, pratica o que diz.
Se a Páscoa é a celebração de um tempo de renascimento, talvez fosse bom que todos nós refletíssemos sobre nossas escolhas.
Escolhas devem ser feitas mediante reflexão e reflexão diária...Pois  pecado maior que errar é insistir no erro, permanecer nele por falta de coragem para mudar, para transgredir, para reagir.
Sente como sua pele está ficando grossa? Sente como suas orelhas encolheram? E o chifre, nascendo bem no meio de nossa fuça, está sentindo seu despontar?
Repensemos a vida, antes que nos transformemos de corpo e alma, no rinoceronte de que falava o Jabor.