Hoje, a minha cidade está fazendo 445 anos...
E, como bem diz a música, o Rio é o purgatório da beleza e do caos...
Tanta beleza não é o bastante para tantos séculos de desmandos, exploração, maus tratos a uma cidade que poderia ser um exemplo de paraíso na Terra...
O belíssimo Teatro Municipal, no centro da cidade.
O Rio de Janeiro, continua lindo...Mas sua beleza tem sido tão afrontada, tão enfeiada pelos políticos que a tem governado, pelo povo que não tem auto estima, pela favelização que tomou os morros, as matas, pela violência que expulsou as indústrias e fábricas daqui...
O Rio já foi cantado em verso e prosa, já foi a Cidade Maravilhosa de encantos mil...quem viveu no Rio nos anos 60 e 70 como eu, e vê a deteriorização da cidade, as favelas crescendo assustadoramente, a violência tomando conta das ruas, fica triste e desalentado...
Muitas vezes me pego pensando: Será que o Rio tem jeito?
Um lado quer muito que a cidade volte a ser, pelo menos parecida com o Rio onde nasci, mas um outro lado, tem consciência de que é praticamente impossível, pois demanda vontade política, demanda mexer com as comunidades carentes...e isso, quem há de ter coragem para fazer? Demanda investimentos e honestidade. Educação de qualidade, bons salários aos profissionais de educação, saúde, segurança...
Quando se fala em remoção de favelas hoje, há aquela meia dúzia de intelectualóides de uma esquerda mofada e embolorada que pulam logo, defendendo a manutenção das favelas como se remover gente de um lugar péssimo para um lugar digno, fosse o maior dos pecados. Claro que isso não se faz do dia para a noite, requer mudanças estruturais, requer dar infraestrutura, moradia e trabalho para as comunidades a serem removidas...
Sei que a maioria das pessoas que moram em comunidades carentes são honestas e trabalhadoras, mas como o acesso é difícil e na maioria das vezes vetado pelo tráfico, os governos se encolheram e deixaram que a coisa tomasse a proporção que tomou...
Hoje, no Brasil, há uma distorção tamanha em todos os âmbitos, que assassinos de crianças são soltos, quem paga seus impostos fica preso em casa, e o direito de ir e vir só vale para bandidos armados de revólveres e escopetas...e, mexer com a pobreza, é frase proibida...pobre vota em quem se manda em troca de uma dentadura ou de uma dúzia de tijolos...e já que o governo nunca enfrentou o crime, os moradores acabaram por respeitar, muitas vezes, à força, quem manda por lá...
Então, ficamos nós, do outro lado, reféns dessas circunstâncias...
Então, ficamos nós, do outro lado, reféns dessas circunstâncias...
Agora, o governo do estado e a prefeitura vem fazendo a pacificação das favelas...mas, como eu digo sempre, se os bandidos são expulsos de um lugar, fogem para outro...isso não é acabar com o crime, é só mudá-lo de lugar.