Depois de mais de um mês em depressão profunda, sem vontade de nada, eis-me aqui de volta, retornando aos poucos e, pela primeira vez em tanto tempo, com vontade de escrever.
Semana passada assisti ao filme O Escafandro e a Borboleta. Estranho, porque nunca tive vontade de vê-lo, achava que iria ficar aflita, pois se trata de uma estória real de um editor da Elle francesa, um homem bem de vida, jovem, rico, que havia largado a mulher e os filhos para ficar com a amante. Um dia, passeando no seu conversível caríssimo, ao lado do filho, ele sofre um AVC raro, cujas sequelas são muito graves, porém continua com o cérebro funcionando, mas não pode se mexer, comer, andar, falar. Só um olho se mexe e assim, através desse único olho, com a ajuda da assistente da sua editora ele "dita um livro" através de piscadas para as letras certas.
Pois nesse dia, assisti, e pude fazer uma correlação com o que se passava comigo.
Enfim, é um filme comovente porque mostra um homem preso em seu próprio corpo ( o escafandro), que descobre que possui seu cérebro funcionando perfeitamente e, com humor até, descobre ( a borboleta ) que o faz sonhar, imaginar, voar, criar...
Tracei esse paralelo com o vem acontecendo comigo e de como me senti, nesse tempo todo, guardadas as devidas proporções, como uma pessoa presa em seu próprio corpo. Eu queria sair, eu queria me libertar, mas não conseguia.
Nunca entendi bem do que se tratava a depressão, pois nunca imaginei que um dia teria esse tipo de doença da alma.. Há casos na minha família de depressão crônica, mas sempre achei que bastava que a pessoa se esforçasse para sair dela. Achava meio falta do que fazer, do que pensar, que bastava se ocupar, ocupar a mente para resolver o problema.
Ledo engano! Quanta ignorância!
A depressão é algo que nos incapacita para a vida, para as tarefas mais banais e ainda há os efeitos colaterais dos medicamentos: enjoo, náusea, um sono que parece não passar nunca, vontade de estar sozinha e não fazer nada, nem falar com ninguém. Neste mais de um mês, não li e nem escrevi uma única linha. Meu segundo romance está parado. Eu me sentia uma morta viva, sem vontade, onde nada no mundo parecia me dar prazer, um ínfimo prazer, um pequeno sorriso...E como aconteceu de repente!
Eu achava que minha criatividade havia se acabado, que nunca mais voltaria a escrever, que minha casa era meu túmulo, meu escafandro e eu, a borboleta, acabaria morrendo por falta de voar...
Hoje, acordei melhor. Acho que finalmente o remédio está fazendo efeito, embora ainda sinta muito sono, mas não do jeito que eu sentia nas primeiras semanas. Eu dizia que parecia meus cachorros: cochilava e acordava de meia em meia hora...
Enfim, não quero ser chata e ficar aqui me lamentando. Quero brindar com todos vocês que vieram aqui, deixaram comentários carinhosos, que me ligaram, me mandaram emails, mesmo quando eu não respondia.
Quero comemorar essa pequena melhora, mas que, para mim, representa uma grande vitória.
Aguardemos os próximos dias. Espero que as grades da janela desapareçam e só fiquem as flores para que a borboleta possa sair e voar novamente pelos caminhos mágicos da imaginação.
Grande beijo a todos e minha gratidão,
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sexta-feira, 21 de outubro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Noites de Tormenta
Acordo encharcada
Deitada sobre um lençol
Completamente molhado
Sob o chuveiro
Deixo que a água caia
Lavando meu corpo
Meu suor
Minhas lágrimas
O que está acontecendo comigo?
Meu corpo reclama
Tenta me avisar
Que algo não vai bem
Que nada vai bem
Olho o café da manhã
E sinto náuseas
Sinto nojo da vida
Nojo das pessoas
Do mundo em que vivo
Dizem que depressão é raiva
Pode ser
Raiva pela impotência
Nunca imaginei que um dia
Qualquer dia em minha vida
Fosse sentir tudo isso
Esse nojo
Essa raiva
Essa impotência
Essa tristeza
Meu corpo emite sinais de SOS
E eu
Sem nada poder fazer
Procuro ajuda
Mas a ajuda é inócua
As noites são de tormenta
Os dias são de desânimo
Quero voltar a ser quem fui
Ando com nojo de mim mesma
Um Plasil metafísico, por favor!
Deitada sobre um lençol
Completamente molhado
Sob o chuveiro
Deixo que a água caia
Lavando meu corpo
Meu suor
Minhas lágrimas
O que está acontecendo comigo?
Meu corpo reclama
Tenta me avisar
Que algo não vai bem
Que nada vai bem
Olho o café da manhã
E sinto náuseas
Sinto nojo da vida
Nojo das pessoas
Do mundo em que vivo
Dizem que depressão é raiva
Pode ser
Raiva pela impotência
Nunca imaginei que um dia
Qualquer dia em minha vida
Fosse sentir tudo isso
Esse nojo
Essa raiva
Essa impotência
Essa tristeza
Meu corpo emite sinais de SOS
E eu
Sem nada poder fazer
Procuro ajuda
Mas a ajuda é inócua
As noites são de tormenta
Os dias são de desânimo
Quero voltar a ser quem fui
Ando com nojo de mim mesma
Um Plasil metafísico, por favor!
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