Estava em Roma, há pouco mais de dois anos atrás, em setembro, com um calor de matar, andávamos pela cidade, eu e meu marido, mortinhos de calor, suando em bicas...
Fomos numa feira no Campo Dei Fiori e havia um indiano vendendo uns leques iguaizinhos aos que minha mãe tinha e usava muito quando estava viva...Leque, no meu tempo de garota, era coisa de senhorinhas...Jamais havia pensado em usar um até que... entrei na menopausa!
Tudo começou num dia em que fui à casa de minha mãe, hoje de minha irmã, e, dei de cara com um leque, de madeira de sândalo, todo furadinho, lindo, que eu gostava desde criança...Avisei à minha irmã que iria pegar para mim...minha mãe tinha deixado outros: de renda e tecido, mais bonitos e trabalhados até, mas eu preferia aquele, por causa do cheirinho que me lembrava minha mãe...Além do que, gosto de coisas mais simples e, hoje em dia, acho que "menos é mais".
Quando vi a tal barraca do indiano, em Roma, cheia de leques, parecidos com o meu, e eu, mortinha de calor, falei na hora pro meu marido: Quero um! Preciso de um, já! Eu não havia levado o meu, claro: medo de perder...Compramos, nem me lembro mais quanto custou, mas saí eu de lá me abanando feito louca e feliz da vida, com um ventinho no rosto...O leque do indiano não aguentou muito tempo, se arrebentando todo...o fio de nylon que usam, para unir as varetas, deve ser feito também lá, e a qualidade é péssima...
Pois bem, desde que achei o tal leque de sândalo de minha mãe, nunca mais me separei dele... Aonde vou o carrego na minha bolsa e vivo a me abanar com ele, aonde quer que esteja...Fico até preocupada...tenho um compartimento só para ele, para que não arrebente...mas, como toda coisa antiga, ele é bem feito e de boa qualidade, então, esse vai durar...E nem sei quantos anos tem, mas deve ter muitos...
Comecei a usar e aí notei que minhas amigas, todas na mesma faixa etária, diziam pra mim: Nossa, que boa ideia, vou comprar um também...Acho que nunca passou pela cabeça delas de usar um leque...a gente fica pensando que leque é coisa de senhorinhas, sem nos lembrar que JÁ somos senhorinhas!
Outro dia li que está na moda dar leque em casamentos, e que moças e jovens da Zona Sul do Rio, como Ipanema e Leblon, "lançaram" a moda de usar leques, pois são fashion, etc e tal...
Peralá, fiquei pensando:
Será que é assim que uma moda começa? Será que fui eu quem começou? Sinceramente, não me lembro de ter visto ninguém antes de mim, nos últimos tempos, fosse de que faixa etária fosse, usando leques para espantar o calor...quando muito, no carnaval, dão de brinde aquelas ventarolas de papelão, de propaganda de cerveja para as pessoas...mas leques?
Assim foi também com a palavra "escrevinhadora"...Meu pai usava muito essa palavra há 50 anos atrás...
Aí passei a usá-la aqui no blog, e inclusive a uso como pseudônimo quando participo de seletivas literárias...Não é que outro dia li numa revista umas jornalistas dizendo que foram elas que inventaram a palavra "escrevinhadora"?
Ah não, isso não, pensei eu!
Claro que a palavra já existia e não fui que a inventei, mas que antes de mim, não tinha visto quase ninguém usar a não ser meu pai e uns poucos...Fui pensando como uma moda começa...como um termo "pega", como o ser humano vai captando uma coisa daqui, outra dali e vai incorporando como hábito seu...E, muitas vezes, imitando sim, descaradamente...No mundo real e virtual vemos disso aos montes!
Bem, isso é discussão para vários posts...quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?
Como leio muito e de tudo, às vezes fico até sem saber onde li tal coisa, mas é fato que em algum lugar ou através de alguém, uma moda ou modismo começou...
Essa estória do leque, sei não...acho que, pelo menos aqui no Rio, fui eu...
Esse é parecido com o leque de sândalo de minha mãe...
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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Moda e Modismos
Eu adoro moda...gosto de tudo o que é bom, bonito, mas não necessariamente, o que é moda...
Explico...esse negócio de modismo é uma coisa, para dizer o mínimo, irritante...
Fulana da novela tal usa, então também vou usar...
Está na última moda, então vou comprar...
Peraí...moda não é isso não...Moda é usar uma coisa que combine com a gente, com a idade que temos, com o nosso tipo físico e, finalmente, usar o que a gente gosta...
Isso se aplica a várias coisas da vida...Agora, a moda é entender de vinhos...tem um monte de gente que "acha" que entende e outros que entendem mesmo e aí, dá-lhe de revirar a taça, cheirar, virar os olhinhos...e aí, saca uma frase de efeito, tipo: esse cabernet sauvingon é frutado, com gosto de amoras... mas tem um quê das pedras da ilha de Creta, um gosto de metal das minas do rei Salomão...etc etc....Ridículo...
Como diz meu marido: vinho bom é o que a gente gosta...e ponto final...
E, assim deveria ser com tudo na vida...Bom é o que a gente gosta! Pode ser um Sangue de Boi...gosta? Então, enjoy it!
Nessa exposição de orquídeas que fui no Jardim Botânico era um tal de orquídea chocolate em todos os stands de vendas...chocolate pra lá, chocolate pra cá...gente perguntando se tinha a tal da chocolate...
Fiquei matutando: acho que tenho essa orquídea e acho que ela está com flor...
Cheguei em casa e fui lá ver...é a própria...já tenho há muito tempo...cheirei...tem mesmo cheirinho de chocolate...e agora ela é um must!
Ai gente, me poupe! Isso é chato demais...Eu amo flores...lá quero saber se essa ou aquela está in ou out?
A preocupação excessiva com os modismos, faz com que as pessoas não tenham mais gosto próprio, personalidade...vão nas águas dos outros...do que os estilistas falam, do que os enochatos dizem, do que os decoradores acham...
Penso que a gente tem que comprar, usar e ter o que gosta, o que admira, o que nos dá prazer...
Moda, bom gosto, apreciar o bom e o belo? Tô dentro!
Modismos? Tô fora!
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