O que a gente faz num dia triste e chuvoso, quando parece que carregamos o peso do mundo?
O que a gente faz quando não vê nenhuma luz no meio das sombras e nada parece ser maior que a nossa dor?O que a gente faz quando perdeu a fé em tudo e não sabe mais rezar?
Chora? Deita na cama e se esconde debaixo das cobertas? Olha a chuva caindo e deixa suas lágrimas rolarem junto com ela?
Faz o que, diante do que não tem remédio?Joga suas esperanças no lixo?
Lê um livro de auto ajuda?
Pensa que podia ser pior? Faz o jogo do contente? Pensa nas vítimas do terremoto?Pensa na miséria e na fome?
Mas e quando nem isso consola?
Era bom quando eu acreditava em deus...podia pedir e ter esperança de ser atendida...tinha esperança...
Tenho inveja de quem acredita...inveja de quem acha que tudo tem suas compensações...e que se não for nessa vida, será na próxima...
Mas e eu, que não creio em nada disso, faço o que com a minha vida?Espero...espero...espero...E nada acontece...
Se nossos pensamentos têm mesmo massa, e se, como diz a nova ciência, eles podem ser direcionados a nosso favor, porque será que os meus não caminham na direção que quero, que preciso?Porque será que meus pensamentos bons, meus sentimentos de amor, solidariedade não revertem em algo de bom para mim?
O que há de errado comigo? Com a minha vida?
A vida é o que fazemos dela ou ela é que faz o que quer da gente?
Onde está a resposta às minhas perguntas? Onde estão a realização dos meus anseios?
Quando se crê, a resposta é fácil...quando não, não há a quem pedir...E nessa solidão, vou seguindo, carregando o dia...ele pesa tanto no meu ombro frágil...ele pesa tanto acumulando semanas, meses, anos...
Eu, tal qual um Atlas pigmeu, sigo carregando meu mundo, afundando a cada passo na areia movediça que parece engolir meus sonhos...
Porque não nasci em outras eras, quando se acreditava em deuses?
Porque fui nascer assim, descrente, sem fé?
Porque não tenho um deus que fala comigo?Porque falho tanto, erro tanto, se acerto tanto também?
Minha solidão é tão sólida que quase posso tocá-la...posso sentir suas mãos querendo afagar as minhas...
Nasci com a maior solidão do mundo, aquela que tem o peso do céu que não me protege.