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sábado, 23 de abril de 2011

Dia Mundial Do Livro- Dia De Rezar Aos Meus Deuses

Eu, autografando Na Esquina do Tempo nº 50.

Hoje se comemora, mundialmente, o Dia do Livro. Para mim, não poderia haver data mais santificada e simbólica do que esta.
Dia santo. Feriado no meu coração.
Dia em que reverencio os meus santos de devoção: São Fernando Pessoa, São Carlos Drummond de Andrade, São Érico Veríssimo, São Eça de Queirós, Machado de Assis, Ferreira Gullar, Fernanda de Camargo Moro, Sophia de Mello, Mia Couto, Balzac, Melville, Jorge Amado, Zélia Gattai, Rachel de Queirós, Monteiro Lobato, todos os autores que li ao longo da minha vida, tantos que já nem me lembro da maior parte deles.
Mas os tenho cá dentro, pedaços de mim, que me marcaram a alma, à ferro, à lágrimas, à sentimentos.
Já esqueci inúmeros enredos, inúmeras tramas das milhares que li, mas todas deixaram pequenos traços na minha escrita, na minha personalidade, na minha maneira de ver a vida e o mundo.
Neste dia, dia do meu maior objeto de adoração, de devoção, o livro, tenho pena de não poder ler tantos quantos eu gostaria, de não poder comprá-los às dezenas, como eu gostaria, de ter tempo ainda para ler todos os que não tive o prazer de ler, de cercar-me por eles, por todos os lados. Mas não resta muito tempo agora, já não há tempo para lê-los todos.
Se há algo que me daria imenso prazer neste momento de minha vida seria poder ter os livros que desejo. E são tantos!
Mas, infelizmente, a vida é traiçoeira e nos dá de um lado e nos tira de outro. Nada é perfeito. Na maior parte do tempo, a vida é injusta.
Mas neste dia santo, dia em que também eu fui agraciada com uma pequena conquista, ter meu próprio livro publicado, só posso ser grata aos meus amigos, aos meus leitores, à tudo o que li ao longo desses mais de 50 anos, vividos intensamente.
Porque, como me disse uma amiga, há uns dias atrás, sou intensa em tudo o que faço. Essa intensidade, às vezes me causa dor e arrependimentos. jogo-me de cabeça seja nos sentimentos, seja nas amizades, seja no acolher ou no repelir.
Não sou de meias palavras, de fingir o que não sinto. Ando aprendendo, por força da vida, a segurar as rédeas de mim mesma. Por força do ter que viver em grupo. Mas ando me aviltando, me corrompendo. É preciso, é necessário. Mas ando angustiada por me obrigar a ser quem não sou.
Não é tarde para aprender a conviver, embora às vezes, me imagine uma ermitã, vivendo isolada do mundo, no alto da minha montanha.
Muitas vezes, por dentro estou assim: lá, no alto de uma montanha, embora aparentemente esteja entre pessoas que não tem nada a me dizer, que nada me acrescentam. Então, fecho os olhos e me imagino a ler um livro...
Mas é inevitável. É preciso.
Como todo poeta é louco, me permito ser também louca, muitas vezes, embora preferisse o ser a maior parte do tempo, pois sou louca sim, e para a minha loucura não há remédio.
E porque há mais dor em mim do que alegria. E porque há mais desespero e solidão do que simpatia não espero que me compreendam. Desejo, mas já não acalento ilusões. Sou por natureza complicada e insana, complexa demais para que me entendam.
Não tenho pretensões de colocar-me ao lado de meus santos de devoção, meus amados escritores, as pessoas que me abriram o mundo e o desvelaram para mim. Não quero isso. Quero apenas poder sentar-me com um livro nas mãos e, por toda a eternidade saber o que há nas entrelinhas. Entender o que foi escrito e sentido pelo deus-escritor ou deus-poeta no momento em que o criou. Porque cada livro é um mundo, um sistema planetário.
Este é meu último desejo. Não ser compreendida ou sequer lida, mas entender que a santidade, a verdadeira beleza do mundo está contida nas páginas, no sistema solar, de um bom livro qualquer...

Convido-os a lerem também o texto que publiquei no meu outro blog Café com Bolo & Poesia.